Nosso sexto encontro em Bertioga teve início como de costume: às 5h58 a chamada no celular me fez acordar do cochilo e sair de casa pra encontrar um Fernando e um Jefferson já animados e conversando dentro do carro - ai a admiração por gente animada logo cedo... Mari Manfredi foi a última a chegar, tão sonâmbula quanto eu – ufa! A caravana do centro com Isis, César e Lúcia não ganha detalhes porque saiu direto de lá, pra nos encontrar no SESC mesmo, mas aposto que foi uma viagem massa J
A peculiaridade desse dia foi a chuva que encontramos no início da Mogi-Bertioga, gostoso pra embalar o sono na estrada, mas difícil para os nossos planos: depois de seis encontros, a proposta agora era gravar um vídeo de extensos 3 minutos - frente aos costumeiros 60 segundos -, sobre a visão dos participantes em relação à cidade de Bertioga, o que significa, pela primeira vez, ter como cenário o espaço exterior ao SESC. A idéia é que os vídeos passem a ser gravados com um grau maior de intencionalidade. As produções de ficção realizadas até agora são ótimas, divertidas e necessárias, mas é chegado o momento de um salto, de usar o vídeo para, de fato, expressar as opiniões e sentimentos desse grupo.
Estávamos bem animados pra isso. Só a chuva poderia levar nossos planos por água abaixo (rá!): será que eles viriam? Será que funcionaria andar pela cidade na chuva? Será que o sorvete com frutas vermelhas do SESC tem o mesmo gosto num dia úmido? Eram muitas as dúvidas...
Mas, para nossa felicidade, tudo deu muito certo. Às 9h13, é verdade, chegaram os primeiros: Raphael, Mirelly, Nathália e Jonatas e, alguns minutos depois, Euclides e João Filho se uniram ao grupo. Assistimos às produções realizadas no sábado anterior: o Morto Vaidoso (ããããããã) e a Propaganda dos Peixes (:D) e, feitas as considerações, apresentamos a proposta do dia.
A idéia de fazer um vídeo informativo com o olhar dos participantes sobre a cidade não é gratuita. Dois dos participantes juntos de um de nós, do Cala-boca já morreu, foram convidados a participar de uma reunião no SESC para discutir políticas para juventude - nada mais sincrônico para suprir a necessidade que percebemos de dar um salto nas produções. Os seis toparam a proposta do dia. E mais, decidiram que não se dividiriam em pequenos grupos, a produção seria a doze mãos.
Fernando e César assumiram linda e tranquilamente a mediação do grupo, que iniciou os trabalhos com uma conversa bem boa de ouvir sobre o que a cidade disponibiliza pra eles, do que sentem falta, o que acham do cenário atual, cada um contribuindo à sua forma, Cé e Fê iam só cutucando, perguntando detalhes, a fim de fazer brotar mais informações, insumo pro vídeo to be. Foi bacana perceber o movimento desse grupo, tímido e silencioso, aos poucos se soltando, cada um contribuindo mais com a conversa até culminar num burburinho bom de vozes ansiosas por se fazerem ouvir e numas risadas gostosas imaginando as respostas esdrúxulas que poderiam aparecer nas entrevistas que planejavam.
Enfim fomos à campo. A chuva voltou na tentativa de desestabilizar a gravação, mas não foi párea pra animação do grupo. Um beco simpático escondido na avenida movimentada foi a solução. Foi por ali, no patamar de uma escadaria, com uma parede verde como cenário, que o Jonatas, nosso apresentador, descobriu o frio na barriga paralizante de ficar frente a frente com a câmera. Respirando fundo e concentrando no texto ser a dito conseguiu gravar a chamada.
Subimos então até o andar da Onda Sonora, ONG de Bertioga que trabalha com formação musical para adolescentes. Quem fez a articulação entre a equipe da ONG e a da oficina foi a Natália, que frequenta os dois espaços. A mesma Natália que no primeiro encontro suava frio nas mãos e perguntava "vergonha passa"? Ela ainda não encara a frente das câmeras, mas se mostrou uma grande produtora nos bastidores.
Enfim não foi a chuva, mas o relógio que nos pegou. Era muita euforia de primeira vez gravando externas e o grupo percebeu que o tempo foi mal calculado. Voltamos ao SESC para assistir à produção. Olhos atentos e comentários muito bacanas surgiram. Falaram da dificuldade de abordar as pessoas na rua para entrevista, como elas tem vergonha, como é difícil ter que fingir que a câmera não está ali, do medo de tremer a câmera na gravação, da estranheza de gravar entrevista no lugar de onde veio....
Encerramos o dia com uma conversa sobre autoria, percebendo como cada um se reconhece no produto final, mesmo quem não realizou um papel ativo na produção e entendendo a força que tem uma câmera na mão de um grupo com intenção. E nós que chegamos a pensar que a chuva abalaria os planos do encontro, não poderíamos estar mais enganados e felizes pelo processo que acompanhamos durante esse dia, o grupo, de fato, deu um salto bonito de ver e começou a entender pra quê trabalhar com vídeo.
Que venha o próximo sábado!
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